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Da prateleira ao algoritmo: o novo valor dos dados na relação indústria-varejo
Durante muito tempo, a negociação entre indústria e varejo foi movida por volume, e não por dados. Quem vendia mais, ganhava espaço. Quem tinha verba maior, garantia visibilidade. Mas esse jogo está mudando, e rápido. Hoje, não basta ter produto em prateleira ou verba de trade aprovada. O que realmente define poder de negociação é algo que até pouco tempo atrás era subestimado: os dados de execução.
Cada ponto de contato com o shopper, cada ruptura registrada, cada ativação em PDV físico ou digital passou a ter peso real na mesa de negociação. E o motivo é simples: quem detém o dado entende o comportamento de compra antes do concorrente, e negocia com base em fatos, não percepções.
Na prática, isso significa que o trade marketing deixou de ser apenas o “executor” de campanhas e se tornou uma das fontes mais valiosas de inteligência comercial.
O PDV virou campo de dados, e não apenas de exposição
Empresas que antes olhavam para o sell-out como termômetro final agora querem entender o que levou àquela venda.
– Qual o impacto do planograma?
– Que ação elevou o giro em determinada categoria?
– Qual SKU tem performance abaixo do potencial?
Essas perguntas deixaram de ser operacionais e passaram a ser estratégicas, usadas em reuniões de pricing, definições de verba cooperada e planos de sell-in. Em outras palavras, o dado virou argumento. E o argumento virou moeda.
Quando a execução passa a falar a língua da negociação
A indústria sempre teve métricas sólidas no sell-in. O varejo, no sell-out. Mas o elo entre os dois, o que realmente acontece na execução, era uma zona cinzenta.
É exatamente nesse espaço que a IPDV atua: tornando visível o que antes era invisível. Afinal, com dados estruturados, auditáveis e disponíveis em tempo real, o diálogo entre as partes muda de tom.
Deixa de ser “eu acho” e passa a ser “os números mostram”.
É o tipo de dado que sustenta decisões sobre investimentos, bonificações, share de gôndola, e até o modelo de parceria.
Quando o varejo mostra dados consistentes de execução, ele se fortalece. Quando a indústria tem acesso à performance detalhada no PDV, ela negocia melhor.
E quando ambos trabalham a partir da mesma base de dados, confiável e integrada, o resultado é um novo equilíbrio de forças.
O dado deixou de ser bastidor, virou ativo de negociação
Na América Latina, o movimento é evidente. Indústrias globais têm exigido visibilidade de execução em tempo real dos seus parceiros locais. Varejistas regionais, por outro lado, começaram a usar esses mesmos dados como diferencial competitivo em suas negociações. É uma mudança silenciosa, mas profunda: o valor está migrando da gôndola para o dado.
Quem controla a execução, controla a narrativa. E quem controla a narrativa, influencia o resultado. Na prática, isso redefine o papel do trade. O promotor que antes “visitava loja” agora coleta insights estratégicos.
A equipe de campo deixou de ser custo e passou a ser fonte de inteligência. E o PDV, antes espaço físico, virou o ponto mais sensível da cadeia, onde o dado nasce e a decisão acontece.
O futuro da negociação é conectado
Os dados não substituem o relacionamento. Mas ele redefine as regras do jogo. Negociações baseadas apenas em histórico de vendas, feeling comercial e incentivo promocional estão perdendo espaço para conversas orientadas por performance comprovada.
Na IPDV, temos visto isso todos os dias: parceiros que adotam dados de execução como base de diálogo conseguem maior previsibilidade, eficiência operacional e ganho real em competitividade.
O futuro da negociação indústria-varejo não está mais no “quanto você vendeu”, mas no quanto você consegue provar que a execução funciona. Porque no fim das contas, os dados deixaram de ser bastidores. Viraram palco. E quem sabe usá-los, está sempre um passo à frente.
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